Um dos maiores escândalos políticos recentes no interior do Tocantins veio à tona nesta semana. A Justiça Eleitoral da 28ª Zona de Miranorte determinou a cassação dos diplomas do prefeito de Barrolândia, João Machado Alves (União), conhecido como João do Supergiro, e do vice-prefeito Neusimar dos Reis (Republicanos), ambos eleitos em 2024.
A sentença, assinada pelo juiz Ricardo Gagliardi em 4 de julho, reconheceu a existência de um esquema estruturado de abuso de poder político e econômico, com compra de votos, contratações temporárias em massa, manipulação de concurso público e uso da máquina pública para favorecer aliados políticos.
Inelegibilidade e novas eleições
Além da cassação imediata, o juiz declarou João do Supergiro, Neusimar dos Reis e o ex-prefeito Adriano Ribeiro inelegíveis por oito anos, com multa individual de 30 mil UFs. A decisão determina que, após o trânsito em julgado, o TRE-TO convoque novas eleições suplementares. Enquanto isso, a presidência da Câmara Municipal assume interinamente a prefeitura.
A ação foi movida pela coligação Juntos Faremos Mais, da ex-candidata Leila Rocha (PV), e contou com parecer favorável do Ministério Público Eleitoral, assinado pela promotora Priscilla Karla Stival Ferreira.
Os bastidores de um esquema
Segundo a Justiça, as provas apresentadas demonstram uma organização ilícita montada para influenciar diretamente o resultado do pleito. Entre os principais crimes identificados, estão:
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Pagamento de R$ 500 a eleitores e promessa de até R$ 2 mil para compra de bens;
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Prontuários médicos falsos usados para justificar transferências de domicílio eleitoral;
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Aumento de mais de 30% nos contratos temporários em ano eleitoral;
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Fraude no concurso público com favorecimento explícito de contratados temporários;
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Pressão política sobre servidores públicos para apoio eleitoral;
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Compra de adesões e troca de apoio por benefícios públicos.
No caso do concurso, investigado separadamente pelo MPE, dos 177 aprovados, 164 já eram servidores temporários, muitos dos quais teriam se beneficiado de mudanças no edital feitas às vésperas da eleição.
“Máquina pública a serviço da reeleição”
De acordo com o parecer do MPE, assinado pela promotora Priscilla Ferreira, a gestão usou a estrutura do Executivo municipal para perpetuar o poder de um grupo político.
“Mostra-se evidente que houve fraude no concurso público para beneficiar interesses pessoais e políticos e angariar votos”, afirmou a promotora.
O ex-prefeito Adriano Ribeiro é apontado como mentor do esquema, tendo papel central na articulação e execução das ações que levaram à vitória eleitoral do grupo político hoje cassado.
Reviravolta política em Barrolândia
A decisão é de primeira instância e ainda cabe recurso ao TRE-TO, mas já representa um abalo significativo no cenário político local. Com a inelegibilidade das principais lideranças do grupo, o campo está aberto para novas lideranças políticas e uma eventual renovação do comando municipal.
A comunidade aguarda agora a manifestação da Justiça Eleitoral sobre o cronograma das eleições suplementares, que deverão ser convocadas assim que a decisão transitar em julgado.

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