Vivemos em uma era de maior liberdade sexual e menos tabus, mas, ironicamente, muitos casais têm experimentado uma queda acentuada na frequência das relações sexuais. Um estudo recente da Sociedade Internacional de Medicina Sexual revelou que 35% dos casais têm, em média, entre uma e três relações por mês. Em alguns casos mais extremos, cerca de 5% das pessoas com parceiro relatam ter apenas um ou dois encontros sexuais por ano.
Essa realidade tem gerado preocupações e questionamentos. Casais que, no início da relação, não conseguiam se desgrudar e mantinham uma vida sexual ativa, muitas vezes acabam se distanciando fisicamente ao longo do tempo. O que pode estar por trás desse declínio no interesse sexual? E será que isso indica problemas mais profundos no relacionamento?
Para a ginecologista, obstetra e terapeuta sexual Dra. Ana Virginia Gama, é normal que, em relações longas, ocorram momentos de menor interesse sexual. “A rotina pesada, o estresse diário e outros fatores podem influenciar nisso. Mas, se a intimidade física era algo importante e prazeroso para ambos, o ideal é tentar identificar quando a falta de interesse não é temporária e realmente pode ser um sinal de que algo não vai bem”, explica a médica.
Entendendo as causas e buscando soluções
Segundo Dra. Ana Virginia Gama, entender o motivo por trás da redução da intimidade pode ser um grande desafio para o casal. Fatores emocionais, físicos e até psicológicos podem desempenhar um papel importante. A busca por ajuda profissional, como a terapia sexual, pode ser uma ferramenta valiosa para aqueles que desejam superar essas dificuldades.
“A terapia sexual é um espaço seguro onde os problemas que têm incomodado e atrapalhado a vida sexual são trabalhados por meio da conversa. Muitas pessoas passam anos sofrendo com bloqueios e medos relacionados ao sexo sem procurar ajuda. Algumas, inclusive, sentem desconforto ou dor durante as relações e acabam evitando o sexo por completo. Na terapia, identificamos a origem do problema e trabalhamos para resolvê-lo. Em muitos casos, a vida sexual é um reflexo de questões emocionais, que podem ser solucionadas com o acompanhamento adequado”, ressalta a especialista.
Quando o desinteresse sexual se torna um problema
A falta de sexo pode se tornar um problema grave para casais quando não afeta os dois de maneira igual. Aqueles que se sentem rejeitados pelo parceiro podem desenvolver sentimentos de baixa autoestima e frustração, enquanto quem perdeu o interesse na intimidade geralmente também está lidando com algum tipo de desconforto ou preocupação.
Manter uma vida sexual ativa e saudável tem muitos benefícios comprovados. Além de melhorar a autoestima, as relações sexuais ajudam a reduzir o estresse e a pressão arterial, aumentam a imunidade e fortalecem o vínculo entre os parceiros. Dra. Ana Virginia Gama destaca que, ao identificar os sinais de que algo não vai bem na vida sexual, é essencial que o casal tome medidas para proteger e fortalecer o relacionamento.