A tragédia sem precedentes causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul gerou uma mobilização nacional, mas ainda parece longe de terminar. Com cerca de 80% do estado atingido por inundações e mais de 530 mil pessoas desalojadas, uma nova rodada de precipitação intensa segue castigando muitas cidades e outros problemas relacionados começam a aparecer e preocupar. As doenças por contato com água contaminada, o agravamento do clima frio e os saques ao comércio e residências são alguns desses fatores.
Infelizmente, não são apenas as vítimas no estado sulista que estão vulneráveis a bandidos querendo se apossar de bens alheios: quem se solidariza e envia doações financeiras também está propenso a ter valores roubados por criminosos.
Golpes Pix contra doadores
Embora o oportunismo de criminosos já tenha sido alardeado há mais de uma semana pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, os golpes têm acontecido. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) emitiu um comunicado alertando para duas maneiras com que cibercriminosos têm enganado doadores às vítimas do Rio Grande do Sul. A primeira delas é por meio de chaves Pix falsas. Nesses casos, o destino das doações alegados em mensagens é diferente da real destinação dos números de chaves Pix divulgadas. Nesse sentido, é recomendável que o doador verifique cuidadosamente se o nome que aparece ao inserir a chave Pix coincide com o destinatário pretendido antes de concluir a transação.
Golpes de engenharia social
Outro formato do golpe se utiliza principalmente das redes sociais, que tanto têm servido para informar e conectar iniciativas de apoio e voluntariado. São os casos de golpes de engenharia social, que usam códigos QR e links falsos de doação somente para atrair vítimas. O objetivo desse tipo de crime virtual pode variar desde atrair doações financeiras ao golpista até coletar dados pessoais dos doadores para achaques e fraudes de caráteres diversos.
Para esses casos, também cabem algumas precauções. Avaliar a procedência do link é a primeira delas. Porém, não é uma proteção garantida: ataques de phishing tipicamente imitam muito bem a identidade visual e a maneira de se comunicar de fontes confiáveis, além de às vezes operarem a partir de contas de redes sociais invadidas para ganhar confiança dos contatos. O perfis de Instagram e Facebook da Cinemateca Brasileira, por exemplo, foram invadidos recentemente, repassando mensagens falsas sobre doações por Pix.
Se a pessoa chegar a clicar no link, será necessário avaliar cuidadosamente a página para que foi redirecionada. O endereço na barra de endereço é estranho? O clique engatilhou o download de algum arquivo desconhecido? A página que se abriu é um formulário solicitando dados pessoais? A resposta positiva a qualquer uma dessas questões pode indicar atividade suspeita.
Ter uma VPN no Brasil pode prover uma camada adicional de segurança na internet. Embora golpes de engenharia social explorem as falhas na psicologia humana mais do que as vulnerabilidades das máquinas e da rede, a VPN permite navegar por um servidor de internet no Brasil ao mesmo tempo em que mantém o endereço IP protegido e a conexão oculta de potenciais riscos na rede pública de internet.
Além da VPN, manter o firewall ativado e um bom serviço antivírus sempre ativado e atualizado são boas práticas que ajudam a minorar eventuais danos vindos de golpes virtuais. Mas, caso nada disso seja suficiente e um link falso leve ao roubo de credenciais, é preciso agir rápido para preservar sua identidade virtual e recursos financeiros: verifique regularmente conta bancária e gastos do cartão de crédito e mude todas suas senhas de contas de serviços virtuais.
Você também pode contatar o Serasa e o SPC para colocar um alerta de fraude em seu CPF. Assim, sua identidade deverá ser verificada caso haja tentativas de abrir novas contas em seu nome. Por fim, se tiver evidência do uso de suas informações em fraude, registre um Boletim de Ocorrência (BO) virtualmente ou numa delegacia próxima. Não deixe de coletar capturas de tela dos perfis nas redes sociais e eventuais conversas que tenham precedido o golpe.
Como ajudar?
Atualmente, as iniciativas solidárias aos habitantes do Rio Grande do Sul se multiplicam diariamente. Apesar de as doações não serem negadas, há necessidades com diferentes graus de prioridade a serem supridas em abrigos do estado. Nesse contexto, as doações por Pix são estimuladas por alguns motivos: quantias financeiras podem se adequar facilmente a qualquer uso e o sistema de transações funciona 24 horas por dia, com liquidação praticamente imediata.
Além disso, também é possível consultar detalhadamente os itens em necessidades em diversos abrigos no Rio Grande do Sul por meio da página SOS RS. Uma consulta ao site pode ajudar a separar e comprar os itens de uso cotidiano para doação mais importantes para alguém. O site também indica trabalhos voluntários requeridos em cada lugar, para quem possa se deslocar presencialmente.