A operação de combate aos incêndios que devastaram a Mata do Mamão, localizada dentro da Ilha do Bananal, no Tocantins, está prestes a ser encerrada nos próximos dias. Desde julho, as queimadas consumiram mais de 96% da área total de 110 mil hectares, restando menos de 4 mil hectares de mata preservada, o que corresponde a apenas 3% da região. Com a chegada das chuvas, a previsão é de que os focos restantes sejam controlados, proporcionando algum alívio aos brigadistas e órgãos ambientais.
De acordo com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), os esforços de combate devem ser direcionados para outras áreas da Ilha do Bananal, que também foram duramente atingidas pelo fogo. Segundo Ueslei Pedro Leal de Araújo, chefe de operações da brigada, “não há mais o que queimar” na Mata do Mamão, evidenciando o nível de devastação.
Desde o início dos incêndios, em julho, uma força-tarefa foi organizada com a participação de diversos órgãos ambientais. No entanto, as condições climáticas severas, com temperaturas elevadas, baixa umidade e ventos fortes, dificultaram o combate. A presença de capim entre a vegetação nativa da ilha contribuiu para a rápida propagação do fogo, e as dificuldades logísticas, incluindo apoio aéreo intermitente, agravaram a situação.
Os impactos ambientais são catastróficos. A Ilha do Bananal, com uma área de 2 milhões de hectares, teve mais de 720 mil hectares queimados em 2024, o equivalente a quase cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Na Mata do Mamão, diversas espécies de animais foram encontradas mortas. Um dos casos mais comoventes foi o de uma sucuri, resgatada por brigadistas enquanto tentava fugir das chamas, mas que infelizmente não resistiu.
Além da destruição da vegetação e da fauna, os incêndios ameaçaram aldeias indígenas localizadas na ilha. Casas e até uma escola foram destruídas pelas chamas, e os moradores locais tiveram que se revezar para impedir que o fogo avançasse sobre suas residências.
As autoridades ambientais continuam alertando sobre os riscos de novos focos de incêndio na ilha, mesmo com o início das chuvas, e ressaltam a importância de estratégias mais eficazes para prevenir e combater incêndios futuros na maior ilha fluvial do mundo.