Há três meses, a Ilha do Bananal, no Tocantins, enfrenta um dos maiores incêndios de sua história. Animais tentam desesperadamente encontrar água e fugir das chamas que consomem a região. Brigadistas atuam no combate ao fogo com o apoio de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que despeja 12 mil litros de água em áreas de difícil acesso.
A coordenadora da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) no Tocantins, Rafaella Karajá, descreve a gravidade da situação. Segundo ela, os animais estão tão debilitados que não têm mais forças para fugir. “Eles estão se deslocando para as margens dos rios, apesar da maioria estar seca. Molham o corpo na água para tentar escapar do fogo”, afirmou.
Infelizmente, muitos animais não conseguem se salvar. Na ilha, vários são encontrados mortos, como vacas atoladas em regiões secas. “Aqui dá para contar, uma, duas, três, quatro vacas que morreram atoladas”, revela um vídeo gravado na área.
O fogo já destruiu 95% da Mata do Mamão, uma das áreas mais preservadas da Ilha do Bananal, que possui cerca de 2 milhões de hectares. Estima-se que mais de 720 mil hectares já foram devastados pelas chamas, o equivalente a quase cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
Investigações e Combate ao Fogo
A Polícia Federal investiga a origem dos focos de incêndio, e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) acredita que as queimadas tenham origem criminosa. “O desafio é enfrentar os criminosos que utilizam o fogo com diversas intenções, principalmente a destruição da vegetação”, destacou o superintendente do Ibama, Leandro Milhomem.
Desde julho, uma força-tarefa envolvendo Ibama, Funai e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) tem trabalhado para conter o avanço do fogo. No entanto, a operação foi prejudicada pela falta de infraestrutura, como a ausência de aeronaves para transportar brigadistas.
Em resposta, o Ministério da Defesa enviou militares, caminhões, equipamentos e helicópteros para auxiliar nos trabalhos. As equipes agora focam na preservação dos cinco mil hectares da Mata do Mamão que ainda não foram atingidos.
Perspectivas e Preocupações
Apesar da redução dos focos de incêndio, grande parte da ilha já foi queimada. O desafio agora é proteger as áreas remanescentes até a chegada das chuvas, que podem amenizar a situação. “Nosso objetivo é preservar o que restou e evitar que o fogo avance ainda mais”, afirma Leandro Milhomem.
Além da vegetação, a preocupação também recai sobre as aldeias indígenas localizadas ao sul da ilha. O fogo tem se aproximado das comunidades, dificultando o acesso de veículos de combate ao incêndio. “É uma região de mata fechada, e o fogo ameaça as aldeias, o que torna nossa missão ainda mais urgente”, conclui Rafaella Karajá.
A situação na Ilha do Bananal é crítica, e os esforços para conter o fogo continuam, com esperanças de que as chuvas cheguem em breve para aliviar a devastação.