O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), exonerou nesta quinta-feira (22) o chefe de gabinete Marcos Martins Camilo, um dia após a Polícia Federal realizar a operação Fames-19, que investiga um suposto esquema de desvio de dinheiro na compra de cestas básicas durante a pandemia. A exoneração foi publicada no Diário Oficial e ocorreu a pedido do próprio servidor, segundo o documento.
A operação, que foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), cumpriu 42 mandados de busca e apreensão na última quarta-feira (21), incluindo o gabinete de Wanderlei Barbosa no Palácio Araguaia. Durante as buscas, agentes federais encontraram R$ 32,2 mil em espécie e diversos boletos de contas pagas no gabinete do governador. Na mesma gaveta onde o dinheiro foi encontrado, estavam carimbos com os nomes de Marcos Camilo e de Wanderlei Barbosa.
Além de Marcos Camilo, outros servidores comissionados citados na investigação também foram exonerados. Embora o nome de Camilo tenha aparecido nos carimbos localizados na gaveta, ele não foi diretamente citado na investigação.
A Operação Fames-19
A operação Fames-19 investiga supostos desvios na aquisição de cestas básicas destinadas à população carente durante os anos de 2020 e 2021, período crítico da pandemia de COVID-19. Além do governador Wanderlei Barbosa, seus dois filhos e a primeira-dama do estado, Karynne Sotero, também foram alvos da operação.
Durante as buscas na residência do governador, foram apreendidos R$ 35,5 mil, 80 euros e US$ 1,1 mil. O ministro Mauro Campbell, do STJ, autorizou a apreensão de valores em espécie superiores a R$ 10 mil que não tivessem comprovação de origem lícita.
Posições dos Envolvidos
Em nota, Wanderlei Barbosa afirmou que na época dos supostos desvios, entre 2020 e 2021, ele atuava como vice-governador e não tinha relação com o programa de cestas básicas. Ele destacou que sua única menção na investigação é a participação em um consórcio informal de R$ 5 mil, do qual fazia parte com outras 11 pessoas, uma delas sendo investigada.
A primeira-dama Karynne Sotero, que é secretária extraordinária de Participações Sociais, afirmou ter recebido a notícia da operação com “espanto e perplexidade”, uma vez que não faz parte do processo investigatório e nem era citada. Léo Barbosa, deputado estadual e filho do governador, informou que prestou os esclarecimentos necessários e que não imaginava que um consórcio informal de R$ 5 mil poderia gerar tal transtorno.
Rérison Castro, outro filho do governador e atual superintendente do Sebrae Tocantins, disse que na época dos fatos investigados ele era presidente da Agência Estadual de Metrologia e que nunca teve relação com a aquisição, licitação ou distribuição de cestas básicas.
Prisão de Empresário
Joseph Madeira, empresário e presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Tocantins (SindespTO), foi preso durante a operação. Sua defesa alegou que a prisão foi abusiva e que o empresário não estava em sua residência no momento das buscas. A defesa se comprometeu a entregar o celular de Madeira às autoridades judiciais e afirmou que tomará medidas para responsabilizar o delegado pelo que considera abuso de autoridade.
O Governo do Tocantins informou que está colaborando com a Polícia Federal para o esclarecimento dos fatos investigados na operação Fames-19.