O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) sobre os rendimentos de todas as fontes no ano de 2024, revelando avanços significativos no Tocantins. O levantamento aponta que 65,6% da população tocantinense teve algum tipo de rendimento no ano passado — o maior índice registrado desde 2012. O número supera a média da Região Norte (59,5%), embora ainda fique ligeiramente abaixo da média nacional (66,1%).
O estudo considera rendimentos oriundos de trabalho, aposentadoria, pensão, aluguéis, programas sociais e outros. Entre os tocantinenses com 14 anos ou mais, 41,6% receberam por atividades de trabalho, enquanto 25,7% obtiveram renda de outras fontes.
Crescimento da renda e queda da desigualdade
O rendimento médio real mensal de todas as fontes no Tocantins foi de R$ 2.630 em 2024. Quando analisados separadamente, os valores médios foram:
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R$ 2.786 para rendimentos de todos os trabalhos;
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R$ 1.557 para outras fontes;
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R$ 2.361 para aposentadoria e pensão;
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R$ 823 de programas sociais;
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R$ 1.360 em aluguéis e arrendamentos;
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R$ 722 por pensão alimentícia, doações ou mesadas de não moradores.
A desigualdade também apresentou queda no estado. O Índice de Gini — que mede a concentração de renda e varia de 0 (igualdade) a 1 (desigualdade total) — caiu de 0,502 em 2022 para 0,459 em 2024. Esse é o menor valor da série histórica para o estado e menor que a média nacional (0,488) e da Região Norte (0,477).
Tocantins lidera na Região Norte em rendimento per capita
Com rendimento médio real domiciliar per capita de R$ 1.725, o Tocantins se destacou com o maior valor entre os estados da Região Norte, que registrou média de R$ 1.319. A média brasileira foi de R$ 2.020.
O levantamento mostra que o principal componente da renda no estado continua sendo o trabalho, que representa 76,8% da composição do rendimento domiciliar. Outras fontes somam 23,2%, com destaque para aposentadorias e pensões (14,6%) e programas sociais (5,2%).
Programas sociais ganham importância após pandemia
A proporção de tocantinenses que têm como principal fonte de renda programas sociais do governo aumentou nos últimos anos, refletindo uma tendência nacional. Em 2019, 8,4% da população do Tocantins estava nessa condição. Em 2024, o número subiu para 10,9%. O índice nacional passou de 6,3% para 9,2% no mesmo período.
Em relação a programas específicos:
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23,1% dos domicílios tocantinenses recebiam o Bolsa Família em 2024 (queda de 0,1 p.p. em relação a 2023).
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Os domicílios que recebiam BPC-LOAS subiram de 4,8% para 6,1%, maior patamar da série histórica.
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Outros programas sociais tiveram crescimento de 0,2% para 1,3%.
Mesmo assim, os domicílios beneficiados com esses programas continuam apresentando rendimentos médios mais baixos. Os que recebiam Bolsa Família tinham média de R$ 745, contra R$ 2.132 entre os que não recebiam. Os que recebiam BPC-LOAS registraram R$ 1.164, enquanto os demais atingiram R$ 1.765.
Rendimento entre os mais pobres cresce
A PNAD-C também mostrou aumento no rendimento médio dos 40% mais pobres do Tocantins, que passou de R$ 510 em 2023 para R$ 558 em 2024, uma alta de 9,4%. O estado está logo abaixo da média nacional para essa faixa, que foi de R$ 601.
Já os 5% com menor rendimento no Tocantins registraram média de R$ 147 por pessoa, frente aos R$ 132 de 2023. O salário mínimo nacional (R$ 1.412) só foi superado, em média, pelos tocantinenses situados entre os 60% e 70% com maiores rendimentos, que atingiram R$ 1.535.
Na outra ponta, os 1% mais ricos do estado tiveram rendimento médio domiciliar per capita de R$ 13.943.
Desigualdade no rendimento per capita também recua
O Índice de Gini para o rendimento médio domiciliar per capita no Tocantins foi de 0,477, o 9º melhor resultado do país. A Região Norte e o Brasil apresentaram índices de 0,489 e 0,506, respectivamente, mostrando que o estado caminha para uma distribuição mais equilibrada da renda, embora ainda enfrente grandes desafios.
Esses resultados refletem não apenas o desempenho econômico regional, mas também os efeitos de políticas públicas de transferência de renda e inclusão social nos últimos anos. Apesar da melhora, o cenário evidencia a necessidade de fortalecimento da economia local e da geração de empregos de qualidade para consolidar os avanços sociais no Tocantins.
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