Nesta quarta-feira (22), completou-se um mês desde o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que conecta as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) pela BR-226. A tragédia, que chocou a região, resultou na morte de 14 pessoas cujos corpos foram resgatados do Rio Tocantins. Três pessoas ainda estão desaparecidas, e as famílias lidam com a dor da perda e a esperança por respostas.
Impacto nas Famílias
O caminhoneiro José de Oliveira Fernandes compartilhou o luto pela perda de sua esposa, Andreia Maria de Souza, de 45 anos, que dirigia um caminhão carregado com ácido sulfúrico quando o acidente ocorreu.
“Está sendo muito difícil. A saudade é grande, e eu estou com trauma. Não consigo voltar a trabalhar”, relatou José, que também revelou a tristeza dos sogros diante da perda da filha.
Andreia foi retirada do rio dois dias após o acidente, no dia 24 de dezembro, em meio às festividades de Natal, agravando ainda mais a dor da família.
O Acidente
O desabamento ocorreu às 15h do dia 22 de dezembro de 2024, quando o vão central da ponte cedeu. Dez veículos, incluindo motos, carros e carretas, foram tragados pelo rio. Entre os veículos caídos estavam carretas carregadas com defensivos agrícolas e ácido sulfúrico, o que complicou as buscas submersas nos primeiros dias devido à alta toxicidade da água.
A primeira vítima identificada foi Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, natural de Estreito (MA). Os trabalhos subsequentes permitiram o resgate de outros corpos, mas muitos estavam presos nos veículos ou nos escombros da ponte.
Buscas e Desafios
Atualmente, as equipes de busca, compostas por bombeiros e pela Marinha, enfrentam dificuldades devido ao aumento do nível do rio, provocado pela abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito. O fluxo elevado impede a realização de mergulhos.
“A correnteza está muito forte, o que inviabiliza os trabalhos submersos. Contudo, as equipes permanecem a postos para retomar as buscas assim que as condições permitirem”, explicou o tenente-coronel Nilton Rodrigues Santos, dos bombeiros do Tocantins.
Materiais Perigosos
Outro ponto crítico é a remoção dos produtos químicos que permanecem no fundo do rio. Empresas especializadas foram contratadas para lidar com o ácido sulfúrico e os defensivos agrícolas, minimizando os riscos ao meio ambiente e à população local.
Sobrevivente e Desaparecidos
O único sobrevivente do acidente é Jairo Silva Rodrigues, de 36 anos. Contudo, três pessoas seguem desaparecidas: Salmon Alves Santos, de 65 anos, e Felipe Giuvannuci Ribeiro, de 10 anos, avô e neto que estavam em uma caminhonete, além de Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos.
Memória e Esperança
Enquanto o tempo passa, as lembranças dos entes queridos permanecem vivas para os que ficaram.
“Ela era uma pessoa maravilhosa, batalhadora e que me ajudava em tudo. A saudade é imensa”, disse José, relembrando a esposa.
As comunidades locais seguem acompanhando o desfecho das buscas, unidas pela dor e pela esperança de que todos possam ter um descanso digno e as famílias, a paz tão necessária.