A queda de um ATR-72 em Vinhedo, São Paulo, no dia 9 de agosto, resultou na morte de 62 pessoas, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes. A aeronave, da companhia VoePass, estava em rota de Cascavel (PR) para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, mas caiu às 13h20, antes de chegar ao destino. O acidente gerou diversos questionamentos sobre sua causa, e um dos focos da investigação é a possível formação de gelo nas asas da aeronave.
Nesta sexta-feira (5 de setembro), o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), deve apresentar as respostas preliminares. Até o momento, uma das hipóteses mais prováveis é que o gelo tenha contribuído para a tragédia, uma teoria reforçada por boletins meteorológicos do dia e pelo histórico de acidentes semelhantes, como o ocorrido em Chicago, EUA, em 1994, com outra aeronave ATR-72.
O ATR-72 possui dispositivos de prevenção à formação de gelo, e a perícia vai investigar se esses sistemas estavam funcionando no momento do acidente e se foram acionados corretamente. A VoePass afirmou que o avião decolou dentro das condições normais de voo.
Além da hipótese de formação de gelo, também foi especulado que a queda poderia estar relacionada a um possível dano estrutural anterior, conhecido como “tailstrike”, quando a cauda do avião atinge a pista durante a decolagem ou pouso.
Em simulações realizadas com o mesmo modelo de aeronave na Áustria, foi demonstrado que a formação de gelo nas asas pode causar a perda de sustentação, levando a uma queda em “parafuso”, como os alarmes de “stall” indicaram no simulador. O piloto Dieter Reinsinger, responsável pela simulação, conseguiu recuperar o controle da aeronave no experimento, mas enfatizou que a situação real poderia ser muito mais difícil de ser contornada.
O Cenipa concluiu, até agora, apenas a perícia inicial no local do acidente, dentro de um condomínio residencial em Vinhedo. Nenhum morador foi ferido, apesar da gravidade do impacto. O foco da investigação do Cenipa é identificar os fatores que contribuíram para a queda, sem responsabilizar os envolvidos, uma tarefa que cabe à Polícia Civil, que conduz uma investigação paralela sobre o aspecto criminal da tragédia.