Na manhã desta quarta-feira (21), o empresário Joseph Madeira foi detido durante a Operação Fames-19, deflagrada pela Polícia Federal (PF). A operação investiga supostos desvios de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de COVID-19. Madeira, que é presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada e da Associação Comercial de Palmas (Acipa), foi preso após a PF não encontrar um aparelho celular pessoal que estava entre os itens a serem apreendidos, conforme relatado por seu advogado de defesa.
A Operação Fames-19, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), visava cumprir 42 mandatos de busca e apreensão e implementar outras medidas cautelares patrimoniais. O inquérito que leva a investigação é mantido em sigilo, o que levou a uma série de especulações sobre os motivos específicos para a prisão de Madeira.
De acordo com o advogado de defesa, Antonio Ianowich, a prisão foi considerada um “abuso de poder”. Ele afirmou que o empresário não estava em casa no início das buscas, mas colaborou prontamente com a ordem judicial assim que foi contatado. O celular pessoal de Madeira estava em posse de seus advogados, que se comprometeram a entregá-lo às autoridades.
Joseph Madeira foi submetido a exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Palmas antes de ser transferido para o presídio local. O portal g1 solicitou à Secretaria de Cidadania e Justiça informações sobre a unidade em que ele está detido e à Polícia Federal um posicionamento sobre as alegações da defesa, mas ainda aguarda respostas.
Investigações e Reações
A PF está investigando possíveis desvios de recursos públicos destinados à distribuição de cestas básicas entre 2020 e 2021. O ex-vice-governador Wanderlei Barbosa, atual governador de Tocantins, é um dos alvos da operação, assim como seus dois filhos e a primeira-dama Karynne Sotero. Barbosa afirmou que na época dos fatos não tinha autoridade sobre a distribuição das cestas e expressou surpresa com a operação. Ele ressaltou que deseja uma apuração rápida e imparcial e se colocou à disposição para colaborar com as investigações.
Karynne Sotero também expressou perplexidade com a inclusão de seu nome na investigação. Ela afirmou que, na época dos fatos, não era a primeira-dama e que não tem envolvimento com o caso.
O Sebrae Tocantins e seu ex-superintendente, Rérison Antônio Castro, foram mencionados, mas o Sebrae destacou que na época da investigação, Castro não fazia parte da equipe do órgão. Castro, por sua vez, manifestou surpresa com a inclusão de seu nome e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos.
O deputado estadual Léo Barbosa, outro nome citado, disse que prestou todos os esclarecimentos necessários à polícia e lamentou o transtorno causado por um consórcio informal de R$ 5.000,00 do qual fez parte.
A operação Fames-19 busca esclarecer alegações de que um esquema foi montado para desviar recursos destinados a cestas básicas durante a pandemia, usando a emergência de saúde pública para contratar empresas previamente selecionadas que teriam fornecido apenas uma parte do quantitativo acordado.
A PF continua a investigação e novos desdobramentos podem surgir à medida que os detalhes se tornam mais claros.