Alessandro Abdala conta que ouviu falar do animal e começou por buscas há quase quatro décadas
Uma lenda do Cerrado, foi assim que definiu o fotógrafo Alessandro Abdala ao flagrar o maior tatu do mundo no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Ele contou que ouvia histórias dos antigos moradores da presença de um tatu-canastra “do tamanho de um fusca” no local, mas “era como um fantasma”.
Abdala relata que ao longo de quase 40 anos encontrava o que parece ser apenas “vestígios” do animal, como grande buracos. “Incontáveis incursões em busca dele foram empreendidas sem sucesso”, relembra.
Porém, em meados do mês passado, a situação mudou. “Dia cinzento, monótono, chuvoso. Desses em que só se vê neblina no alto do parque”, começou o relato. “Dirigindo vagarosamente a Toyota Bandeirante, cochilando ante a batida do motor e a monotonia da paisagem… Quando uma visão onírica materializou-se sob o nevoeiro: caminhando em nossa direção vinha algo grande, desajeitado, incomum para aquela hora do dia. Foram segundos enigmáticos até que a névoa e o sono se dissiparam para eu entender do que se tratava e gritar assombrado: ‘tatu-canastra’”.
Registros
Acompanhado de outros fotógrafos e guias de observação de aves Luiz Alberto e Afonso Carlos, Abdala conseguiu chegar bem próximo do animal. “Parecia que nós três havíamos nos teletransportado, tão rápido quanto a velocidade da luz, nos encontrávamos já fora do carro. Acordados? Mais ou menos. Olhos arregalados e visão turva, mãos tremulando, pernas bambas e coração acelerado, quase saindo pela boca”, enfatizou Luiz.
Alessandro descreveu o enorme tatu como dócil, calmo e sereno. A estimativa é que o mamífero gigante pese mais de 30 quilos. Ele foi admirado pelo grupo por cerca de 20 minutos e rendeu muitos cliques das câmeras. Até o vento mudar de direção e o tatu farejar humanos e desaparecer novamento como “uma lenda do Cerrado”.